Newsletter Maio 2022

Um resumo das nossas publicações e actividades no mês de Maio de 2022. Ver também aqui.

NEWSLETTER MAIO 2022

Três novos artigos

Bernardo Machado escreve-nos sobre os contornos possíveis de uma definição operacional e conceptual de raças na espécie humana. Teresa Bartolomei assina um belíssimo texto sobre identificações entre presenças de aves, ou de certas aves, e as vozes poéticas do ocidente — com muitos (ou apenas um) ovos, talvez de Páscoa, para todos. Ricardo Fortunato escreve e elabora sobre as dimensões filosóficas mais profundas que envolvem o famoso e muito querido para todos nós filme Regresso ao Futuro, de 1985.

Duas sugestões

O site do Institute for the Study of War, ideal para acompanhar as movimentações militares, sem especulações políticas, em directo do terreno de guerra do conflito na Ucrânia. E um artigo sobre da revista Psyche sobre o casamento, para algumas pessoas difícil, entre admirar a obra mas desprezar a pessoa do artista. Este é um problema que se tem levantado recentemente com alguma frequência devido a critérios mais exigentes aos quais as pessoas públicas estão sujeitas — inclusive artistas.

Um fenómeno invulgar e pouco conhecido no ensino universitário das ciências exactas

Deixamos aqui também a notícia de um fenómeno que é mais particular à vida docente nas ciências exactas do que noutras áreas: a existência de alguns alunos de tendência fanática, dedicados a determinadas teorias e soluções miraculosas de problemas complexos, soluções essas que se aproximam da loucura. O seu discurso, frequentemente, é ininteligível, a sua notação e grafia são desequilibradas, e as suas teorias/soluções em geral não passam de um delírio. Têm ainda outra particularidade: são extraordinariamente chatos com os pobres dos docentes que têm de decidir como lidar com eles: não dar atenção pode ser tão perigoso como dar, e há que gerir um equilíbrio delicado entre os dois pólos. Assim, apresentamos aqui uma obra escrita por um professor de matemática, Underwood Dudley, que contém relatos desses casos: Mathematical Cranks (MAA, 1992). Mais tarde, o autor escreveu também sobre o mesmo fenómeno mas dedicado a uma questão matemática em específico, em The Trisectors (MAA, 1996). Foi por sugestão de alguns professores nossos amigos, incluindo Jorge Buescu, que ficámos a saber deste tão particular fenómeno, pelo que agradecemos a todos eles.

Três artigos sobre desadequação entre interacções na Internet e os nossos instintos

Um artigo da revista Big Think sobre o uso erróneo da emoção da “indignação”, principalmente se enquadrada em cenários colectivistas, quando aplicada a fenómenos internéticos, muito diferente do seu contexto original. Um outro interessante e oportuno artigo na revista UnHerd, que desmistifica visões a preto e branco sobre o fenómeno da desinformação on-line, como por exemplo a ideia de que, por natureza, a imprensa tradicional é absolutamente fiável e o que se escreve nas redes sociais não é. Por último, um complexo e desafiante artigo da American Greatness sobre como a situação actual relativa ao consumo da pornografia significa, para os nossos cérebros, uma situação completamente inédita, tendente a aniquilar ou suspender a produção de dopamina: “If our reward system interprets each new porn clip as the same thing as a new sexual partner, this means an unprecedented sort of stimulus for our brain. Not comparable to Playboy, or even ’90s-era dial-up downloads. Even decadent Roman emperors, Turkish sultans, and 1970s rock stars never had 24/7, one-click-away-access to infinitely many, infinitely novel sexual partners.

Três sugestões para rir e para pensar

Um artigo de The Verge sobre como na Ucrânia, por exigência de uma lei recente (de 2015) que requer que símbolos relacionados com o regime comunista soviético sejam apagados da propriedade pública, uma cidade delegou num artista a transformação de uma estátua de Lenine numa outra figura. O artista escolheu a famosa personagem da saga da Guerra

das Estrelas, Darth Vader, situação que representa uma amálgama de cultura clássica (que envolve figuras políticas) e cultura popular (que envolve arquétipos clássicos). É curioso. Um outro texto do The Guardian, parte de um constante apreço desta publicação por coisas no limiar da ficção — e ainda tendo a ver com pássaros e o período pascal — sobre uma teoria da conspiração inventada como caricatura mas com alguns aspectos adoptados por alguns alucinados, voluntários ou não, como reais: a teoria do birds aren’t real. Por fim, um artigo provocador na National Review, que não é comédia mas cuja premissa pode suscitar o riso ou o choque, partilhado por nós a 25 de Abril passado, dia de comemoração de revoluções e mudanças de regimes: é sobre a Inquisição Espanhola e o dever académico de colocar sempre as coisas em perspectiva.

Desejamos, por fim, um excelente mês de Maio a todos, com boas leituras, muitas dúvidas e q.b. de certezas. Cumprimentos!

“The Goddess Minerva”, Jean Honoré Fragonard, 1772, Detroit Institute of Arts