Aproveitando o destaque pós-moderno de certas formas pronominais agramaticais ligadas a identidades de género, queremos evidenciar o aspecto de eventual absurdo social das nomenclaturas e formas de tratamento, em particular nas sociedades mais ortodoxas e provincianas. Com efeito, desde o senhor doutor, o senhor engenheiro, o “nome antigo“ e o “nome novo” nos transgénero, as alcunhas locais, os segundos nomes, os nomes de solteiro e os nomes de casado, os diminutivos de infância, o tratamento pelo nome próprio ou antes pelo apelido, os apelidos formados a partir de profissões, etc. Qualquer um destes exemplos de situações comuns pertence à mesma categoria e fundamentalmente não reflete nenhuma questão de substância mas sim de negociação social: não existe nem é suposto existir uma identidade de nome absoluta e estanque, e qualquer exercício de levar demasiado a sério, acima do que merece, apresenta provavelmente uma situação mental e social privilégio de quem tem muito tempo livre, não tem vida própria, ou é neurótico. Não é por alguém se licenciar, atingir a maioridade etária ou mudar de sexo que tem o direito de exigir aos outros tratamento imediato pelo novo título. A linguagem e as interacções sociais são por natureza questões de negociação mútua e não de imposição autoritária, e é isso que queríamos destacar aqui.
Outros Artigos

As Quotas Raciais na Hollywood do séc. XXI
Sobre as mais recentes regras aprovadas pela Academy of Motion Pictures and Sciences em relação a quotas raciais em filmes elegíveis para Oscar.

A Arma de Fogo como Democratizadora das Relações Conflituosas entre Civis
Sobre uma perspectiva pouco familiar para o europeu comum: a arma de fogo como elemento que força uma igualdade no mundo dos confrontos físicos activos ou latentes.

Excerto do Primeiro Jornal publicado no Reino de Portugal, de Novembro de 1641.
"O Conde da Castanheira, que estava preso numa torre de Setúval pediu a El-Rei Nosso Senhor que lhe mudasse a prisão porquanto estava indisposto: & El-Rei Nosso Senhor usando de sua natural benignidade o mandou trazer para o Castelo de Lisboa." — e muito mais.