Palavras Mal Usadas: Capitalismo, Reaccionário, Fascismo, etc.

Destacamos hoje algumas expressões de uso corrente no léxico público erudito ou semi-erudito relacionadas com cultura, política e história das ideias em geral. Estas expressões foram, em determinado momento do tempo, cunhadas conforme um contexto muito específico ou uma proposição discutível mas, entretanto, calcificaram enquanto meros chavões que carregam significados extintos, anacrónicos ou sem lógica à partida. Alguns exemplos: (1) capitalismo tardio (o capitalismo vai acabar? quando?), (2) reaccionário (não vivemos num período revolucionário, logo a expressão é vazia de sentido)), (3) capitalismo (expressão da teoria marxista e da teoria anarquista que pressupõe uma série de preceitos não partilhados por muitos que a usam), (4) fascismo (existem correntes na ciência política que defendem o uso exclusivo da mesma para o regime italiano, outros que o admitem para outros regimes de nacionalismo autoritário, e, fora disso, uma turba de leigos que o usam como mero indicador da sua ignorância em relação a tudo), (5) ego (advindo dos sistemas mentais postulados por Sigmund Freud, é usado erradamente como sinónimo de inclinações narcisistas) (6) a diferença entre propriedade pessoal e privada (inexistente fora dessa mesma teoria do marxismo, não tendo existência conceptual autónoma), (7) paradigma (não usado necessariamente de modo errado mas fazendo parte da descrição de Thomas Kuhn dos pressupostos dos sistemas científicos) (😎 democracia (não existe uma “democracia”: existem sistemas democráticos, cada um deles imperfeito à sua maneira, e a palavra pode perfeitamente querer dizer o seu contrário; a “ditadura da maioria”, etc.) e, por último, (9) negacionista, uma palavra sobre a qual já dissemos em tempo o que tínhamos a dizer e que, felizmente, estará provavelmente em vias de desaparecer e ir parar ao caixote de lixo da história pertencente a períodos de histeria.