“Somos inteligentes o bastante para saber quão ignorante é a nossa crítica jornalística em Portugal?” — O Amanhecer da Crítica Jornalística Musical Em Portugal. Texto de Vítor Rua (Músico & Etnomusicólogo). Lisboa, Julho de 2023. Revisão de Gonçalo Fernandes. O site de referência para os recortes é: http://queimador-recortesretalhos.blogspot.com/.
Ao longo das décadas, a crítica jornalística musical em Portugal revelou-se frequentemente fraca e ignorante no que diz respeito à análise das tipologias pop e rock, abrangendo o período dos anos 60 até 2023. Em vez de fornecer uma análise profunda e perspicaz desses géneros, os críticos muitas vezes sucumbiram a estereótipos e preconceitos, limitando-se a rotulá-los como meramente comerciais e superficiais ou ignorando as suas virtudes.
A falta de conhecimento sobre a história e a evolução do pop e do rock em Portugal também foi evidente nas críticas jornalísticas. Raramente foram feitas referências a artistas pioneiros que contribuíram para a construção do cenário musical nacional, como Filipe Mendes, Mler Ife Dada e Pop Dell’Arte. Além disso, a crítica tendeu a ignorar o impacto cultural e social desses géneros, bem como a sua capacidade de expressar e refletir as preocupações e aspirações de diferentes gerações.
A ausência de uma análise contextual e a superficialidade das críticas jornalísticas resultaram em interpretações distorcidas e desvalorizadas da música pop e rock. Pouca atenção foi dada à qualidade artística das composições, à instrumentação utilizada e à habilidade dos músicos. Em vez disso, os críticos focaram-se em aspetos periféricos, como a imagem e o apelo comercial, perpetuando assim uma visão limitada desses géneros musicais.
Considerarei algumas das consequências da crítica jornalística portuguesa que vai crescendo à nossa volta e sugerirei que este não é apenas um fenómeno critico, mas também um fenómeno sociocultural, que envolve um afastamento de certo público da verdadeira música pop e rock.
Felizmente, ao longo dos anos, tem havido uma mudança gradual nessa tendência. Algumas vozes críticas têm surgido, com análises mais aprofundadas e informadas, reconhecendo a importância histórica e cultural do pop e rock em Portugal. Ainda há um longo caminho a percorrer para uma crítica jornalística mais consistente e enriquecedora nesse campo, mas é encorajador ver progressos na compreensão e na apreciação desses géneros musicais tão significativos para a cultura portuguesa.
Uma Análise Musicológica das Debilitadas Qualidades dos Críticos
A crítica jornalística desempenha um papel fundamental na avaliação e apreciação da música popular e rock. No entanto, ao analisar a crítica jornalística portuguesa das últimas seis décadas, é possível observar deficiências significativas em relação ao conhecimento da linguagem pop e rock, bem como na compreensão da terminologia musical. Este ensaio tem como objetivo realizar uma análise musicológica dessas debilitadas qualidades dos críticos portugueses, destacando suas limitações e as consequências para a apreciação adequada desses géneros musicais.
Alguns pontos paradigmáticos do estado da crítica jornalística musical em Portugal:
- Falta de Conhecimento da Linguagem Pop e Rock: a crítica jornalística portuguesa tem revelado, em grande medida, uma falta de conhecimento profundo desta linguagem. Muitos críticos têm demonstrado desconhecimento destes estilos musicais, estruturas e convenções características desses géneros. Essa lacuna impede uma análise aprofundada e contextualizada, levando a interpretações superficiais e imprecisas.
- Ignorância da Terminologia Musical: a terminologia musical é essencial para a compreensão e descrição adequadas da música pop e rock. No entanto, os críticos portugueses demonstram frequentemente ignorância em relação a esse vocabulário específico. A falta de familiaridade com termos como riff, break, chorus, delay, sampler, entre outros, limita sua capacidade de descrever e analisar adequadamente as características musicais e estruturais das canções.
- Estereótipos e Preconceitos: a crítica jornalística portuguesa sobre pop e rock também é frequentemente influenciada por estereótipos e preconceitos. Os críticos tendem a rotular esses géneros como comerciais, superficiais e desprovidos de valor artístico, negligenciando a riqueza e diversidade presente nas suas manifestações. Esses preconceitos prejudicam a compreensão e apreciação justa do potencial criativo e cultural desses estilos musicais.
- Limitação na Análise Musicológica: a análise musicológica é uma ferramenta essencial para uma crítica jornalística enriquecedora. No entanto, os críticos portugueses muitas vezes carecem de um conhecimento musicológico adequado para avaliar aspectos como harmonia, melodia, ritmo e arranjos presentes na música pop e rock. Essa limitação impede uma compreensão mais profunda das escolhas musicais feitas pelos artistas e das suas implicações estéticas.
Se, por um lado, a raridade de críticos jornalísticos musicais de qualidade em Portugal contribui para a inépcia que se verifica na divulgação e promoção da melhor música pop e rock que se produz em Portugal, já a má crítica – ignorante, analfabeta e lobista –, encontra-se empenhada na disseminação de uma música comercial e ligeira, a soldo das editoras multinacionais ou até das chamadas “independentes”.
A Crítica Jornalística Musical Em Portugal Através dos Tempos
Nos anos 60 e 70, a crítica jornalística pop e rock em Portugal mostrou-se muitas vezes debilitada, caracterizada por um amadorismo evidente e uma falta de profundidade na análise dos géneros musicais em questão. Nesse período, o surgimento desses estilos musicais desafiadores trouxe consigo a necessidade de uma análise crítica informada e perspicaz. Infelizmente, muitos críticos portugueses falharam em cumprir esse papel devido à sua falta de conhecimento e às suas abordagens superficiais.
Um exemplo notório dessa debilidade crítica foi a reação inicialmente negativa da imprensa portuguesa ao surgimento do rock nos anos 60. Muitos críticos desprezaram o género, rotulando-o como uma moda passageira, sem valor artístico nem cultural. O rock foi frequentemente associado a um comportamento rebelde e considerado uma influência negativa sobre os jovens, sem uma compreensão adequada de suas raízes históricas e do seu potencial criativo.
Além disso, a falta de conhecimento musical específico desses críticos ficou evidente em suas análises superficiais. As estruturas e características musicais do pop e rock eram frequentemente mal compreendidas e mal interpretadas. Termos como riff, acordes e progressões harmónicas eram negligenciados ou mal aplicados nas suas análises, resultando em descrições imprecisas e incompletas das canções e dos seus elementos musicais distintos.
Outra debilidade notável foi a ausência de uma análise contextual e sociocultural adequada. Os críticos raramente levavam em consideração as influências políticas, sociais e culturais que moldavam a música pop e rock naquele momento. O surgimento desses géneros musicais estava ligado a um contexto de mudanças profundas na sociedade, tanto em Portugal como internacionalmente, e essa dimensão era frequentemente ignorada pelas análises superficiais e desinformadas.
É importante ressaltar que nem todos os críticos da época se enquadravam nesse amadorismo. Houve alguns raros exemplos notáveis de críticos que foram capazes de oferecer uma análise mais informada e perspicaz do pop e rock portugueses. No entanto, eles eram a excepção, e a maioria dos críticos permanecia presa a estereótipos e preconceitos, falhando em reconhecer a relevância e o potencial artístico desses géneros musicais emergentes.
Em suma, nos anos 60 e 70, a crítica jornalística pop e rock portuguesa revelou-se frequentemente debilitada, marcada pelo amadorismo, pela falta de conhecimento musical específico e por abordagens superficiais. Esse cenário limitou a compreensão e apreciação adequadas desses géneros musicais, ignorando o seu impacto cultural e a sua capacidade de expressar as aspirações e preocupações de uma geração.
As únicas excepções surgem nos anos 70, em alguns periódicos, nas críticas e análises escritas pelos sociólogos e musicólogos Mário Vieira de Carvalho e Jorge Lima Barreto, que contribuíram para o enriquecimento da crítica jornalística nestas tipologias musicais com artigos e ensaios de uma qualidade musicológica inexistentes na época, e ainda hoje bastante escassas – salvo raras excepções.
Nos anos 80 e 90, a crítica jornalística pop e rock em Portugal continuou a apresentar debilidades e um certo amadorismo em relação à análise desses géneros musicais. Embora tenha havido um crescimento na popularidade do pop e do rock durante esse período, muitos críticos portugueses ainda demonstravam uma compreensão limitada e superficial dessas formas de expressão artística.
Uma das debilidades notáveis da crítica jornalística nesse período foi a tendência para categorizar e rotular os artistas de forma simplista. Muitos críticos insistiam em classificar as bandas e artistas em estereótipos predefinidos, sem levar em consideração a diversidade e a inovação presentes na cena musical. Essa abordagem reducionista resultava em análises superficiais, incapazes de captar a complexidade e a originalidade dos trabalhos dos artistas.
Outro aspecto que evidenciava o amadorismo dos críticos era a falta de conhecimento técnico-musical. Muitos deles não possuíam uma formação musical sólida, o que resultava em análises imprecisas e confusas sobre os elementos musicais presentes nas canções. Termos técnicos como harmonia, melodia e estrutura eram frequentemente mal aplicados ou ignorados, dificultando uma análise aprofundada e rigorosa da música pop e rock portuguesa.
Além disso, a crítica jornalística dos anos 80 e 90 muitas vezes carecia de uma análise contextual e sociocultural adequada. Os críticos nem sempre levavam em consideração as influências culturais, políticas e sociais que moldavam a música pop e rock nesse período. Essa falta de contexto resultava em interpretações limitadas e superficiais, que não consideravam o impacto desses géneros musicais na sociedade e na cultura portuguesa da época.
É importante destacar que nem todos os críticos se enquadravam nesse padrão de debilidades e amadorismo. Houve, sim, alguns exemplos notáveis de críticos que ofereceram análises mais aprofundadas e informadas do pop e rock portugueses. No entanto, a maioria dos críticos ainda tinha dificuldade em ir além dos rótulos e estereótipos, falhando em reconhecer a evolução e a diversidade desses géneros musicais.
Em suma, a crítica jornalística pop e rock portuguesa nos anos 80 e 90 ainda apresentava debilidades e um certo amadorismo. A falta de conhecimento técnico-musical, a tendência para categorizar os artistas de forma simplista e a ausência de uma análise contextual adequada prejudicavam a compreensão e a apreciação desses géneros musicais. No entanto, é importante reconhecer que, ao longo do tempo, a crítica jornalística evoluiu e se tornou mais informada, contribuindo para uma análise mais aprofundada e uma apreciação mais justa do pop e rock portugueses.
A prova do que eu estou aqui a referir é que, de quase todos os chamados “críticos” musicais dos anos 80, por exemplo, nenhum se mantém como crítico ou sequer próximo da análise musical.
Um “crítico” como Miguel Esteves Cardoso dedica-se hoje a escrever sobre gastronomia, obesidade, política, ou sobre a melhor forma de uma pessoa se depilar.
Outro “crítico”, como João Gobern, surge-nos na televisão como comentador de futebol, analisando a performance do árbitro em determinada partida, ou se a transferência do jogador “X” foi uma boa solução para o clube “Y”.
O “crítico” Manuel Falcão há muito tempo deixou a crítica musical, dedicando-se na actualidade à publicidade e aos media, ou a ser vogal da EGEAC.
O falecido “crítico” Pedro Duarte vinha-se dedicando à criação de revistas e periódicos “cor-de-rosa”, que nada tinham a ver com a música, e chegou até a ser assessor à Presidente da Câmara Municipal de Sintra.
O “crítico” Luís Maio dedica-se desde há décadas à escrita de “viagens”, ou seja, trajectos turísticos em volta do planeta, nunca mais se focando em temas musicais.
Na década de 90 surge o crítico Rui Eduardo Paes, que escreve vários livros sobre música, redigindo ainda inúmeras críticas em revistas e jornais, dedicando-se também, além da pop e do rock, a outras músicas, em especial o jazz e a música improvisada, que continua na actualidade a seguir com um grande empenho musicológico.
Concluindo: 99% dos intitulados “críticos” musicais dessa década não exercem essa profissão, sendo que se dedicam a actividades que nada têm a ver com música, provando que foram as circunstâncias (o surgimento do chamado “Boom” da pop e rock portuguesa, e a necessidade das editoras portuguesas em terem alguém que promovesse e divulgasse comercialmente os seus músicos e bandas musicais) o que os pôs a escrevinhar sobre música, mesmo quando completamente ignorantes e analfabetos na análise e escrita sobre o assunto.
De 2000 a 2023, a crítica jornalística pop e rock em Portugal ainda enfrentou debilidades e amadorismo na análise desses géneros musicais. Apesar dos avanços tecnológicos e da expansão do acesso à informação, muitos críticos portugueses continuaram a demonstrar uma compreensão limitada e superficial dessas tipologias musicais.
Uma das debilidades notáveis nesse período foi a tendência de críticas baseadas em julgamentos pessoais e preferências subjetivas. Muitos críticos projetavam seus gostos musicais individuais nas análises, o que resultava em avaliações injustas e distorcidas. Ao invés de adotar uma abordagem imparcial e objetiva, eles acabavam promovendo seus próprios preconceitos, ignorando a diversidade e a riqueza do cenário pop e rock português.
Outra debilidade era a falta de profundidade na análise das letras e das temáticas abordadas nas canções. Muitos críticos limitavam-se a uma interpretação superficial, não explorando o significado mais profundo das letras e a sua conexão com a realidade social e cultural. Isso resultava em análises simplistas e que não captavam a essência e a mensagem das músicas.
Além disso, a crítica jornalística pop e rock portuguesa nesse período ainda carecia de conhecimento técnico-musical sólido. A compreensão da linguagem e dos elementos musicais específicos desses géneros era frequentemente limitada, o que resultava em análises superficiais e desinformadas. Termos como “arranjo”, “produção” e “estrutura” eram muitas vezes mal interpretados ou mal utilizados pelos críticos.
No entanto, é importante mencionar que nem todos os críticos se enquadravam nessas debilidades e amadorismo. Houve exemplos notáveis de críticos que ofereceram análises mais aprofundadas e informadas, abordando a música pop e rock com rigor e conhecimento técnico. No entanto, esses críticos eram a excepção, e a maioria ainda tinha dificuldades em fornecer uma análise consistente e embasada.
Como exemplo da ignorância e analfabetismo da crítica jornalista musical destas décadas, e à semelhança do que faziam os chamados “críticos” musicais dos anos 80, o amadorismo de um crítico como João Bonifácio é paradigmático, tendo em conta que desconhecia e desconhece por completo toda uma terminologia musical, ignora técnicas composicionais destas tipologias musicais e perpetua a tradição de promover os “amiguinhos músicos” sem qualquer talento ou originalidade, usando o seu poder nos media para proliferar a vulgaridade e o gosto comercial. De referir que, tal como outros “críticos” dos anos 80, a sua actividade na escrita sobre música mescla com a de comentador de futebol no Canal Q, em A Bola TV ou no jornal A Bola, por exemplo.
Já o crítico Rui Miguel Abreu escreve ensaios e análises de teor musicológico, com conteúdo original e informado, dotado dos conhecimentos técnicos, instrumentais e composicionais inerentes às tipologias musicais pop e rock. Apesar de um maior foco sobre o estilo do hip hop, não deixa de abordar outros estilos musicais, do jazz à música contemporânea.
Em resumo, a crítica jornalística pop e rock portuguesa nesta última fase ainda apresentou debilidades e amadorismo. A tendência para críticas baseadas em preferências pessoais, a falta de profundidade na análise das letras e a limitada compreensão técnico-musical prejudicavam a apreciação e compreensão adequadas desses géneros musicais. No entanto, é essencial reconhecer que, ao longo desse período, também houve críticos que conseguiram superar essas debilidades, fornecendo análises mais sólidas e enriquecedoras.
O que Deveria Ser a Crítica Jornalística Musical
A crítica jornalística musical é uma prática que envolve a análise e avaliação de obras musicais por meio da escrita jornalística especializada. É um campo de estudo e expressão que busca compreender, interpretar e avaliar a música em seus diversos estilos, géneros e manifestações. A crítica musical desempenha um papel importante na promoção e discussão da música, fornecendo aos leitores uma perspectiva informada e crítica sobre os elementos musicais, o significado cultural e o impacto artístico das obras.
A crítica jornalística musical possui alguns objetivos fundamentais. Primeiramente, busca informar o público sobre as características, o contexto histórico e as influências presentes nas obras musicais analisadas. Os críticos musicais compartilham seu conhecimento técnico e estético, ajudando os leitores a compreenderem melhor a música em questão.
Além disso, a crítica musical tem o propósito de avaliar a qualidade e o valor artístico das obras, fornecendo uma perspectiva crítica e argumentada. Os críticos musicais utilizam sua experiência e conhecimento para examinar elementos como composição, arranjo, performance, produção e letras, entre outros. Eles identificam pontos fortes e fracos, destacando aspectos inovadores, originalidade, criatividade e excelência técnica.
Outro objetivo importante da crítica jornalística musical é estimular o debate e o pensamento crítico. Através das análises, os críticos oferecem diferentes perspectivas e interpretações, convidando o público a refletir e participar de discussões sobre a música. A crítica musical pode ajudar a expandir os horizontes dos ouvintes, apresentando novos artistas, estilos e tendências musicais.
É fundamental ressaltar que a crítica jornalística musical não é uma verdade absoluta, mas sim uma forma de interpretação e apreciação da música. A subjetividade do crítico está presente em suas opiniões, e diferentes críticos podem ter visões e avaliações divergentes sobre uma mesma obra. No entanto, é importante que a crítica seja embasada em argumentos sólidos, conhecimento técnico e uma análise cuidadosa da obra em questão.
A crítica jornalística musical desempenha um papel significativo na promoção e valorização da música, tanto para os artistas quanto para o público. Ela ajuda a criar um diálogo entre os criadores e o público, oferecendo orientação, insights e perspectivas que enriquecem a experiência musical. Ao longo do tempo, a crítica musical tem evoluído adaptando-se às mudanças na indústria e à forma como a música é consumida, mas sua importância como uma forma de análise e avaliação continua a ser relevante e essencial para o desenvolvimento e compreensão da música.
Os Paparrotões que Paparroteiam Paparrotices na Pop e Rock em Portugal ou o B, A, BA da Incompetência em Portugal
A crítica jornalística musical pop e rock nacionais deveria consistir em uma análise aprofundada e abrangente das obras musicais dentro desses géneros. Para ser efetiva, a crítica deveria abordar diferentes aspectos, levando em consideração tanto os elementos técnicos quanto os contextos culturais e artísticos envolvidos. Apresentam-se de seguida alguns pontos-chave que devem ser considerados na crítica jornalística musical pop e rock:
- Análise dos Elementos Musicais: A crítica deve examinar os elementos musicais específicos, como melodia, harmonia, ritmo, arranjo e produção. Os críticos devem ter conhecimento técnico para identificar e discutir esses elementos, destacando pontos fortes, inovações e contribuições artísticas.
- Composição e Letras: A qualidade da composição e a relevância das letras são aspectos essenciais na crítica musical. Os críticos devem avaliar a originalidade, a profundidade e a expressividade das composições, bem como a relevância e o significado das letras.
- Performance e Execução: A crítica deve levar em consideração a habilidade e a entrega dos artistas em suas performances ao vivo ou gravações. A interpretação vocal, o domínio instrumental, a energia do palco e a capacidade de transmitir emoções são factores importantes a serem analisados.
- Contexto e Influências: A crítica deve explorar o contexto cultural, histórico e social em que as obras musicais surgem. Isso inclui considerar influências musicais, movimentos artísticos, questões sociais e políticas que possam ter impactado a criação das músicas e a sua recepção.
- Relevância e Impacto: A crítica deve avaliar a relevância e o impacto das obras dentro do cenário pop e rock. Isso envolve examinar como as músicas dialogam com o público, influenciam outros artistas, refletem a cultura contemporânea e moldam os géneros musicais.
- Estilo e Identidade Artística: A crítica deve levar em conta o estilo musical adoptado pelos artistas, analisando sua originalidade, coesão e identidade artística. A capacidade de transcender fronteiras estilísticas e incorporar elementos inovadores também pode ser abordada.
- Avaliação Subjectiva: Embora a crítica deva ter fundamentos sólidos, é importante lembrar que a apreciação musical é subjectiva. Os críticos têm suas preferências individuais, e é aceitável expressar suas opiniões pessoais, desde que sejam apresentadas de forma fundamentada e contextualizada.
Ao combinar esses elementos, a crítica jornalística musical pop e rock pode fornecer aos leitores uma compreensão aprofundada das obras e ajudá-los a formar suas próprias opiniões de maneira informada. É essencial que os críticos sejam imparciais, objectivos e tenham conhecimento especializado para contribuir para um diálogo construtivo e enriquecedor sobre a música pop e rock.
A Idade do “Porquê” no Jornalismo Musical Português Nunca Obteve Uma Resposta
A crítica jornalística portuguesa sobre música pop e rock, ao longo das décadas analisadas, tem apresentado debilitadas qualidades dos críticos, evidenciadas pela falta de conhecimento da linguagem e terminologia específicas desses géneros musicais. A ignorância e os preconceitos presentes nas análises têm limitado a compreensão e apreciação adequadas dessas formas de expressão artística. Para uma crítica mais consistente e enriquecedora é necessário um conhecimento do que é um “delay”, um “sampler”, já para não falar de formas e técnicas composicionais utilizadas pelos músicos e bandas pop e rock portuguesas, bem como uma cuidada análise à poesia (letras musicais).
O Futuro…
Espera-se paciente e fervorosamente o surgimento de uma nova forma de crítica jornalística portuguesa nas áreas da pop e do rock que venham ajudar a salientar o que de melhor de realiza em Portugal, contribuindo para o desenvolvimento destes estilos musicais, bem como o enriquecimento cultural musical dos inúmeros leitores interessados nestas tipologias, e que durante décadas se viram privados – quase na totalidade – de uma crítica de teor sociocultural criativa e musicologicamente rica, que faça devolver à crítica o respeito e dignidade que estes estilos musicais merecem, bem como os músicos e público em geral.