Sugestões de Cinema: Cancel Culture e Submarinos

Destacámos numa dada sexta-feira do mês quatro filmes generalisticamente sobre cultura de cancelamento, em particular na academia mas não só. Primeiro, A Culpa Humana, com Anthony Hopkins e Nicole Kidman, retratando um professor acusado de ter feito um comentário racista que levou ao seu despedimento, baseado num romance de Philipp Roth; depois, Safe Spaces, sobre outro professor acusado de ter despontado recordações traumáticas a uma aluna devido a uma aula provocadora; terceiro, o recente Tár, com Cate Blanchett, com uma compositora maestrina acusada de desprezar minorias privilegiar compositores brancos heterossexuais; por último, O Processo, adaptação de Orson Welles do famoso romance de Kafka retratando um homem perdido numa surrealidade burocrática em que nem sequer se entende de que é que está acusado. A cultura do cancelamento é um fenómeno real, presente, que sempre existiu, e que consiste pura e simplesmente na perseguição pública privada de pessoas devido a opiniões dentro da lei que possam ter. É um fenómeno que não deve ter qualquer lugar numa sociedade civilizada baseada no estado de direito, sendo que em geral aqueles que acham que tal coisa não existe ou não tem relevância são, muito provavelmente, compactuantes com essa miserávelbárbara irracional forma de censura moderna.

Outra leva de filmes destacou a figura do submarino este mês. O espaço exíguo do mesmo, versão ainda mais condensada do micro-universo hermético que decorre em qualquer embarcação de alto mar — ou, nas vertentes mais modernas, no espaço — permite todo o tipo de incorporações dramáticas bem conhecidas: questões morais, religiosas, de amizade, às vezes de amor, quase invariavelmente de guerra, mas sempre, dada a situação de circuito fechado em que o enredo decorre, de disposição diegética incontornável em que as tensões têm necessariamente resolução, não poucas vezes trágica. Deixamos aqui uma lista de filmes com algumas sugestões de qualidade em redor do tópico.