Monument to Vladimir Lenin in Tiraspol, Pridnestrovie (Transnistria) | Soviet monument | former USSR

Transnístria: um Lenine, um edifício e coisas de um estado de faz-de-conta

I was elated; I wanted to dance, shout, sing and express some great emotion (…). I felt I was part of, belonged to, a strong world, and it seemed as if all the strength of that world was inside me.

(Lilin, 2011: 7)

Broadcaster: What is a country (Chto eto – strana)?

Young Contestant: It is where a people (narod) live.

Broadcaster: (…) but a strana does not have to be big (bol’shoi); it can be small (malen’kii) too, right?

(Chamberlain-Creangă, 2006: 371)

1. Um Lenine e um edifício…

Chamberlain-Creangă (2006: 371), que efetuou trabalho de campo na Rezina Cement da Egrafal Group (2005-2006), expõe a seguinte vignette numa estação de autocarro, enquanto se encaminhava da República Moldava Peridniestriana[1] (RMP) para a República da Moldova (Chamberlain-Creangă, 2011: 4):

She [Natal’ia] abruptly inquired: “Are you going to Rezina?” (…). Moving closer to me, she lowered her voice, privately warning with all seriousness and conviction, “they are a different people (drugoi narod) over there”, referring to persons just 0.3 kilometers across the river in the right-bank Moldova.

Ainda que Natal’ia considera ‘drugoi narod’ – num relato aparentemente de igual para igual –, a verdade é a de que “the independence of Transnistria has not been recognized by any country in the world, not even the Russian Federation”[2] (Eberhardt, 2011: 6). Situada na parte norte do rio Nistru, a RMP é uma região com anseios separatistas da Moldávia, que, em 1990, “refused to raise the new Moldovan flag (…) because for them the red Soviet flag (…) was a symbol of great achievement” (Cojocaru, 2006: 266). Com fortes influências russófilas, Dura refere que o conflito não é étnico, porquanto “it did not pit one ethnic group against another” (Dura, 2009: 5; Deletant, 1993: 15), mas Kaufman & Bowers (1998: 129) sugerem que, por este ter no cerne diferenças linguísticas, simbólicas, identitárias e de lealdade, o label de conflito étnico não se torna totalmente impróprio. Assim, a RMP enquadra-se na categoria de make-believe states de Navaro-Yashin (2007: 80), de parastates (Marandici, 2020: 61) ou de de facto states (Blakkisrud & Kolstø, 2011: 180).

Como Navaro-Yashin (2007: 80) aponta, “fiction is the bread and butter of politics” – e aqui os symbolic objects, entendidos no interstício nomádico entre o simbólico e material (Gardner & Abrams, 2023: 2), possuem um papel fundamental. É neste contexto que emerge a seguinte fotografia, retirada da capital Tiraspol, onde em frente ao edifício parlamentar, se ergue um sóbrio Lenine.

Neste caso, a estátua de Lenine (1) e o edifício do Parlamento (2) são entendidos como dois exemplos de symbolic objects seguindo a definição e subsequente tipologia (não exaustiva) de Lofland (citado por Abrams & Gardner, 2023: 3):

all those material items that participants view as physically expressing their enterprise, including remembrances of its successes, traumatic challenges, and hopes for its future. Such objects are of several kinds, three of which are: (i) key artifacts, (ii) symbolic places [viz., Parlamento] and (iii) iconic persons [viz., Lenine].

De facto, ambos os objetos possuem as duas vertentes inerentes a qualquer symbolic obejct: 1) a natureza tangível [viz., “material ‘stuff’” ou “physically expressing” (Abrams & Gardner, 2023: 3)], mesmo que nenhum seja transportável (pelo menos, não com facilidade); e 2) a natureza intangível (viz., capacidades culturais e semióticas), imbuída de uma lógica de legitimação internacional (externa) e de construção identitária (interna), numa imitação da prática moldava e ucraniana (Marandici, 2020: 61-62) – em tudo semelhante ao caso da TRNC[3] em relação ao Chipre (Navaro-Yashin, 2007: 85).

É fundamental referir que Lofland aplica esta definição aos movimentos sociais organizados (Abrams & Gardner, 2023: 3) e Abrams & Gardner debruçam-se mais especificamente sobre contentious politics[4] (Abrams & Gardner, 2023: 2). Num nível de abstração superior, todavia, é possível entender a atuação da RMP como um resentment[5] (Silva & Rogenhofer, 2022: 7) e/ou um ato de resistência contra o “West as entity” (Wolf, 1982: 5). Numa visão externa da sociedade internacional, a RMP é “Characterized as a smuggler’s Paradise (…) the last bastion of the Soviet Union” (Bobick, 2016: 241), um fóssil soviético (Clapp, 2016: 38); numa visão interna (emic), a RMP identifica-se num eixo binário ‘nós’ e os ‘outros’ (moldavos, romenos, europeus, Ocidente, NATO) (Bobick, 2016: 244). Para ambas as dinâmicas, os symbolic objects são fulcrais: para além de permitirem ‘ver’ o grupo (Cohen, 1969: 220), estes tornam-se – são – a Transnístria, os transnistrianos, um ‘drugoi narod’.

2. … num foco interno e externo…

No poema Komsomol’skaia de Maiakovskii, este escreve: “Lenin-lived. / Lenin-lives. / Lenin-will live.” (Tumarkin, 1981: 38). No caso da Transnístria, Lenine vive por intermédio desta estátua – e, pelo seu carácter palimpséstico, através de todos os outros media no qual a sua figura é exposta [sejam estes linguistic, i.e. poemas, músicas, histórias, nomes de ruas ou praças (Troebst, 2003: 454); ou non-linguistic, miniaturizados ou não (Foxhall, 2015: 1), i.e. bandeiras, graffitis, pins]. O Lenine, como um artefacto, tal como o El Che analisado por Selbin (2023: 221), “[is] suffused with meaning as an object as well as a subject of desire”.

Se “writing about Che ‘is like dancing about architecture’, a nearly senseless, even absurd exercise” (Selbin, 2023: 216), traçar as três fases da existência dos symbolic objects de Abrams & Gardner (viz., criação, potência e legado[6]) em relação ao Lenine enquanto emblematic individual (Abrams & Gardner, 2023: 4; 6) ou icon (Peirce citado por Silva & Rogenhofer, 2022: 4) é igualmente enigmático e multifacetado. No entanto, é exequível retirar algumas conclusões sobre o caso particular deste[7] Lenine transnistriano, cuja criação data de 1987, tendo sido (re)imaginado e esculpido por Lev E. Kerbel (Troebst, 2003: 453), com base noutras estátuas espalhadas pelo Bloco Soviético na altura da Guerra Fria.

Feito de mármore vermelho, a potência deste Lenine pode ser analisada seguindo duas lógicas complementares. Em primeiro lugar, o seu simbolismo inerente parte de uma base empírica, uma vez que Lenine existiu: “He had been flesh and blood (…) – someone people could relate to personally” (Barner-Barry & Hody, 1994: 612). Assim, este pauta-se por ser “[an] example of a disciplined, self-defying, self-sacrificing revolutionary” (Selbin, 2023: 220). A interpretação continua atual, mas adquire uma outra camada por a estátua ter sido mantida enquanto um legado. A seguinte entrevista de Siegl (citada por Troebst, 2003: 455) aponta precisamente para esta ideia:

When asked in 2001 why the statue remained, TMR Minister of Foreign Affairs Valerii A. Litskay answered: ‘There are no other monuments beside the ones for Lenin and Suvarov… In earlier times, we had three Lenins in the main street – that was too many so we removed one of them…’.

Neste sentido, há uma relação de exchange – de “relatedness between temporalities” (Ssorin-Chaikov, 2017: 9) – entre a matriz temporal da década de 80, quando a Moldávia fazia parte da URSS, e a atual, em que a RMP utiliza uma retórica de “preservation of the Soviet legacy”, expressa na manutenção de dois Lenines. Em simultâneo, está inculcada numa vertente contraditória de individualização, que reflete as own politics da RMP (Ortner, 1995: 117): foi retirada uma estátua, para além do Lenine de outros media [i.e. Troebst (2003: 455) refere algumas moedas comemorativas e estátuas menores]. Poderá se afirmar que se trata de uma melancolia bi-dimensional: Lenine é um melancholic object[8] (Navaro-Yashin, 2009: 16) de um passado perdido, mas também é um reforço de uma nova identidade.

Em segundo lugar, a expressão estatuária conflui para este eixo fluido de preservação-separação. Observando o gesto metafórico[9] (Cienki & Mϋller, 2008: 483) da estátua, Lenine não detém a típica mão direita estendida, a apontar para o ‘futuro’ como é costume (Cienki & Mϋller, 2008: 483). No entanto, a sua postura é igualmente reveladora: o Lenine, vestido modestamente e de cabeça erguida, segura com o braço esquerdo uma bandeira (um outro symbolic object). Esta não possui nenhum indício de ser a transnistriana, caracterizada pelo símbolo do martelo e do foice. In extremis, tal sugere uma tenta de universalidade, talvez ligada ao internacionalismo comunista. Não obstante, na atualidade, a política de separação e o local da estátua – lactu sensu, na RMP; strictu sensu, frente ao Parlamento – permitem uma leitura da bandeira como a bandeira transnistriana enquanto symbolic obejct nacionalista. Tal demonstra a transformação, reinterpretação, (re)produção e metamorfose dos symbolic obejcts – afinal, “The agency of things is neither merely derivative of human agency, nor are things the sole agentes in social interactions” (Silva & Rogenhofer, 2022: 4).

A posição da estátua frente ao Parlamento cria, de facto, uma ligação forte entre ambos – mas o próprio edifício pode ser entendido como um symbolic object. É verdade que uma das críticas de Abrams & Gardner à definição de Lofland é particularmente a questão dos espaços, afirmando que “Places appear to form more of a continuum, ranging from those that exist plainly as objects (…) to those that lack substantial materiality” (Abrams & Gardner, 2023: 3-4). Neste caso, o edifício do Parlamento integra claramente os espaços físicos / tangíveis, enquadrando-se na categoria das estruturas políticas (Sewell, 2001: 54).

Tal como outros edifícios políticos, Dilaveroglu (2025: 1) refere como os parlamentos “articulate the prevailing political ethos, encoding meaning through their materiality, spatial composition and architectural language”. Goodsell (1988: 288) enumera três funções da materialidade dos edifícios parlamentares: preservação, articulação e formação – cada uma com um crono-topos temporal num nexo passado, presente e futuro, respetivamente. A preservação – “the mobilization, conservation and maintenance of cultural values over long periods of time” (Goodsell, 1988: 288) – relativa ao edifício parlamentar da RMP destaca-se, desde logo, em dois aspetos: 1) pela localização geográfica, em Tiraspol, que tinha sido o “garrison town of the 14th Russian Army” (Deletant, 1993: 15) [por isso escolhido em 1960 para a construção do Soviete Supremo da Transnístria[10]; mais tarde, será também o local onde se anuncia a secessão da RMP (Deletant, 1993: 15)]; e 2) pela arquitetura em pedra tipicamente soviética (i.e. simetria, colunas imponentes, decoração nacionalista parca, com brasões ou bandeiras), cuja fachada emana uma estabilidade digna de um poder (para)estatal. Tanto o local histórico, como a estética sóbria, confluem para a “stabilization of (…) national order” (Goodsell, 1988: 289). Ao especificar as características relativas às funções de articulação e formação[11], Goodsell (1988: 292-301) foca-se sobretudo nas disposições internas dos parlamentos (i.e. número e espaçamento da(s) câmara(s), mobiliário, acústica das salas), que ultrapassam o scope da imagem selecionada. Porém, será possível afirmar que a estátua do Lenine no recinto exterior atua como symbolic object na articulação da concepção do presente e futuro: o Parlamento da RMP é um ato de imitação performativo, semelhante as peculiaridades burocrático-administrativas da TRNC (Navaro-Yashin, 2007: 84), que pretende se justificar interna e externamente através de um ideário soviético exposto na materialidade da estátua e do edifício.

3. … são a Transnístria.

Navaro-Yashin (2007: 81) refere que determinados objetos “are perceived or experienced as affectively charged phenomena when produced and transacted in specific contexts of social relation”. Os symbolic obejects inerentes na imagem selecionada – a estátua e o edifício do Parlamento – já estão produzidos e não podem ser facilmente transacionados. Não obstante, estes são criadores de afeições, seja num determinado momento (viz., numa das recorrentes comemorações e cerimónias) ou ao longo do tempo (viz., pela sua fixação). Esta afeição traduz-se em dois polos dependentes: um interno, de criação identitária e outro externo, de legitimação internacional.

Chamberlain-Creangă afirma que “Nowhere are ideas of ‘the state’, nation and citizenship more important and contested than in a country that does not exist” (Chamberlain-Creangă, 2006: 372). Por isso, “Parastates act as nation-builders” (Marandici, 2020: 61) e, de facto, a RMP possui um objetivo claro de criar esta identidade: o pridnestrovskii narod (Chamberlain-Creangă, 2006: 373), auto-definido com cinco markers: 1) auto-suficiência (samobyt-nost’); 2) estatismo (gosudarstvennost); 3) multietnicidade (polietnichnost’); 4) vetor do Ortodoxismo Eslavo do Leste (vostochnyĭ svalianskiĭ pravoslavnyĭ vektor); 5) Moldavismo (moldovenizm) (Babilunga citado por Marandici, 2020: 63-64). Esta identidade baseia-se, claramente, num passado soviético. Apesar disto, Adams & Lavrenova sugerem que há 4 possíveis hipóteses enquanto ao legado das estátuas de Lenine consoante o contexto, entre as quais “(a) preserved and left in place to symbolize the legitmacy of post-Soviet elites”[12] (Adams & Lavrenova, 2022: 708), num reforço da ligação à Rússia (Marandici, 2020: 63). No caso da RMP, a literatura aponta sobretudo nesta direção – sendo por isso que a estátua permanece frente ao Parlamento (Cummings, 2013: 609), numa criação de spatial melancholia[13] (Navaro-Yashin, 2009: 15). Todavia, denota-se uma falha no estudo at the grass-root level. Assim, assume-se que poderá ser frutífero equiparar o Lenine transnistriano à estátua do Coronel Ojukwu em Biafra, estudada por Atata & Omobowale (2023: 261):

The very existence of this statue is a source of inspiration and a stimulus for demonstrators. Its positioning at the ‘entrance’ to Biafra is suggestive of protection, connecting the notion of the Biafran state to ideas of safety and security. The ‘father of the nation’, standing to protect his people, is a source of inspiration.

Assumindo, como Humphrey & Forbes-Mewett (2024: 2) destacam, que há um crescente “feelings of belonging and loyalty among the population, as well as within the development of a Transnistrian national identity”, não será descabido afirmar que a estátua de Lenine, enquanto uma recordação melancólica, contribui para a pertença transnistriana. O edifício parlamentar que serve de fundo ao Lenine, deverá também provocar algum tipo de emoção, numa “fusion of the existential and the normative” (Geertz, 1957: 422), tal como o Home Office ou outro corpo administrativo na etnografia de Navaro-Yashin (2007: 83).

Ao confluírem um conjunto de cidadãos a volta da estátua e do Parlamento, emerge um efeito semelhante ao produzido pela MAGA[14] cap (embora esta seja um item transportável) de Silva & Rogenhofer. Em primeiro, tal como as “MAGA caps tranform their wearers into members of Trump’s national-populist project” (Silva & Rogenhofer, 2022: 7), a junção, admiração e/ou veneração a volta da estátua reúne indivíduos que se identificam com a “Transnistrian identity” (Marandici, 2020: 61) ou com o “collective thought” (Durkheim, 1995: 239). Em segundo, opera-se a já explicitada divisão: não na retórica populista entre “’us’, the honest (…) people, versus ‘them’, the corrupt globalist elite” (Silva & Rogenhofer, 2022: 7), mas sim numa puramente nacionalista[15]: “nós”, os verdadeiros patriotas, a procura de uma identidade partilhada (Chamberlain-Creangă, 2006: 396) , e “eles”, os inimigos do povo transnistrianos. Acresce ainda que o Parlamento, enquanto instituição de soberania, confere um ato performativo de legitimidade internacional, justificado pela existência de uma identidade nacional distinta. Neste sentido, a RMP utiliza os symbolic objects a partir de duas lentes: 1) enquanto Estado que utiliza os symbolic objects para penentrar as esferas sociais; e 2) enquanto um estado que “offers us images of governamental power challenged” em relação a Moldávia (Trouillot, 2001: 125).

Mesmo assim, a escassa literatura tem demonstrado resultados ambíguos desta iniciativa: numa entrevista efetuada por Cojocaru (2006: 267), um estudante afirmou que “Moldova was the one that wanted to (…) repress us. We want our people and our opinion to be respected”; Humphrey & Forbes-Mewett (2024: 10) contactam com uma mulher que comunica que “I want to live in Moldova or Europe, America, Germany (…). More than Transnistria”; e Marandici (2020: 61) dá a conhecer o caso de Vadim Krasnosel’skiĭ, que informa como “In my veins flows Russian, Ukrainian, and Polish blood. How can you divide me into parts?”. É mais producente a visão de Chamberlain-Creangă (2006: 374): “I encountered an array of identities and opinions, sometimes opposing and sometimes championing the idea of a loyal Transnistrian citizenry”.

Assim, em vez de reduzir a RMP e outros make-believe states a black holes (Blakkisrud & Kolstø, 2011: 180) bolsho’ii ou malenk’ii, é fundamental analisar todas as dimensões do spatial-temporal continuum (Swartz et al., 1966: 8) – incluindo o ponto em que o simbólico e o material se reúnem, “where the cultural or semiotic qualities of symbolic objects become intertwined with their material properties in important and often transformative ways” (Abrams & Gardner, 2023: 2). Ademais, a dimensão temporal – como uma “unit over time, not merely a unit at a particular point in time” (Smith citado por Swartz et al., 1966: 30) – é de extrema importância, pois os símbolos, incluindo os seus corolários materiais, são dinâmicos (Cohen, 1969: 219) e dependentes do contexto histórico (local e global).

4. Apêndice:

4.1. Representação cartográfica da RMP:

(Retirada de Deletant, 1993: 15).

4.2. Outros Lenines:

4.2.1. Sucleia.

Este Lenine de Sucleia foi decapitado em 1990, tendo havido uma reposição em 2011. Contudo, a nova cabeça é desproporcional ao corpo (Clapp, 2016: 32).

Monument to Vladimir Lenin Sucleia Transnistria-5

4.2.2. Bendery.

Monument to Vladimir Lenin Bendery (Bender) Transnistria-4

(Ambas as fotografias foram retiradas de https://www.kathmanduandbeyond.com/lenin-statues-former-soviet-union/).

6. Referências bibliográficas:

Abrams, Benjamin; Gardner, Peter. 2023. “Introducing Symbolic Objects in Contentious Politics” in Symbolic Objects in Contentious Politics (edited by Benjamin Abrams and Peter Gardner), pp. 1-12. University of Michigan Press. ISBN: 978-0-472-90331-3.

Adams, Paul.; Lavrenova, Olga. 2022. “Monuments to Lenin in the post-Soviet cultural landscape” in Social Semiotics, vol.32, nr.5, pp. 708-727. DOI: https://doi.org/10.1080/10350330.2022.2158621.

Atata, Ngozi Scholastica; Omobowale, Ayokunle Olumyiwa. 2023. “Biafran Objects and Contention in Nigeria” in Symbolic Objects in Contentious Politics (edited by Benjamin Abrams and Peter Gardner), pp. 248-266. University of Michigan Press. ISBN: 978-0-472-90331-3.

Barner-Barry, Carol; Hody, Cynthia. 1994. “Soviet Marxism-Leninism as Mythology” in Political Psychology, vol.15, nr.4, pp.609-630. Stable URL: https://www.jstor.org/stable/3791623,

Blakkisrud, Helge; Kolstø, Pål. 2011. “From Secessionist Conflict Toward a Functioning State: Processes of State- and Nation-Building in Transnistria” in Post-Soviet Affairs, vol.27, nr.2, pp. 178-210. Bellwether Publishing Ltd. DOI: 10.2747/1060-586X.27.2.178.

Bobick, Michael. 2011. “Profits of disorder: images of the Transnistrian Moldovan Republic” in Global Crime, vol.12, nr.4, pp. 239-265. DOI: 10.1080/17440572.2011.616048.

Chamberlain-Creangă, Rebecca A. 2006. “The ‘Transnistrian People’ : Citizenship and Imagining of ‘the State’ in an Unrecognized Country” in Ab Imperio, nr.4, pp. 371-399. DOI: https://doi.org/10.1353/imp.2006.0096.

Chamberlain-Creangă, Rebecca A. 2011. Cementing Modernisation : Transnational markets, language and labour tension in a post-soviet factory in Moldova. London School of Economics and Political Science.

Clapp, Alexander. 2016. “Drama on the Dniester” in Center for the national Interest, nr.141, pp. 32-40. Center for the National Interest. Stable URL: https://www.jstor.org/stable/44151239.

Cohen, Abner. 1969. “Political Anthropology: The Analysis of the Symbolism of Power Relations” in Man, vol.4, nr.2, pp. 215-235. Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland. Stable URL: http://www.jstor.org/stable/2799569.

Cojocaru, Natalia. 2006. “Nationalism and Identity in Transnistria” in Innovation: The European Journal of Social Science Research, vol.19, nr.3-4, pp. 261-272. Routledge. DOI: https://dx.doi.org/10.1080/13511610601029813.

Cummings, Sally N. 2013. “Leaving Lenin: elites, official ideology and monuments in the Kyrgyz Republic” in Nationalities Papers, vol.41, nr.4, pp. 606-621. Routledge: Tylor & Francis Group. DOI: https://dx.doi.org/10.1080/00905995.1013.801413.

Deletant, Dennis. 1993. “History as nemesis – an overview” in Index on Censorship, nr.4, p. 15.

Dilaveroglu, Busra. 2025. “Matter, form and meaning in architecture: a cross-cultural reading of parliament buildings” in Archnet-IJAR. DOI: 10.1108/ARCH-11-2024-0469.

Dura, George. 2010. The EU and Moldova’s Third Sector: Partners in Solving the Transnistria Conflict? MICROCON Policy Working Paper 14. ISBN: 978 1 85864 933 1.

Durkheim, Emile. 1995. The elementary forms of religious life. The Free Press. ISBN: 0-02-907937-3.

Eberhardt, Adam. 2011. The Paradoxes of Moldovan Sports: An insight into the nature of the Transnistran conflict. Osrodek Studiów Wschodnich im. ISBN: 978-83-62936-06-9.

Foxhall, Lin. 2015. “Introduction: miniaturization” in World Archaeology, vol.47, nr.1, pp. 1-5. Taylor & Francis. DOI: https://doi.org/10.1080/004382243.2015.997557.

7

Geertz, Clifford. 1957. “Ethos, World-View and the Analysis of Sacred Symbols” in The Antioch Review, vol.17, nr.4, pp. 421-437. Antioch Review Inc. Stable URL: https://www.jstor.org/stable/4609997.

Goodsell, Charles. 1988. “The Architecture of Parlaiments: Legislative Houses and Political Culture” in British Journal of Political Science, vol.18, nr.3, pp. 287-302. Cambridge University Press. Stable URL: https://www.jstor.org/stable/193839.

Humphrey, Ashley; Frobes-Mewett, Helen. 2024. “The National Identity, Security, Future Hope and Wellbeing of Young People Living in the Unrecognised State of Transnistria” in Ethnopolitics, pp. 1-17. Routledge: Taylow & Francis Group. DOI: https://doi.org/10.1080/17449057.2024.2364313.

Kaufman, Stuart; Bowers, Stephen. 1998. “Transnational Dimensions of the Transnistrian Conflict” in Nationalities Papers, vol.26, nr.1, pp. 129-146. Association for the Study of Nationalities.

Lilin, Nicolai. 2011. Siberian Education. Canongate Books. ISBN: 9781847679338.

Marandici, Ion. 2020. “Multiethnic Parastates and Nation-Building: The Case of the Transnistrian Imagined Community” in Nationalities Papers, vol.48, nr.1, pp. 61-82. Cambridge University Press. DOI: 10.1017/nps.2019.69.

Navaro-Yashin, Yael. 2007. “Make-believe papers, legal forms and the counterfeit: Affective interactions between documents and people in Britain and Cyprus” in Anthropological Theory, vol.7, nr.1, pp. 79-98. SAGE Publications. DOI: 10.1177/14634996007074294.

Navaro-Yashin, Yael. 2009. “Affective spaces, melancholic objects: ruination and the production of anthropological knowledge” in Journal of the Royal Anthropological Institute, vol.16, pp. 1-18. Royal Anthropological Institute.

Ortner, Sherry B. 1995. “Resistance and the Problem of Ethnographic Refusal” in Comparative Studies in Society and History, vol.37, nr.1, pp. 173-193. Cambridge University Press. Stable URL: https://www.jstor.org/stable/179382.

Selbin, Eric. 2023. “El Che: The (Im)possibilities of a Political Symbol” in Symbolic Objects in Contentious Politics (edited by Benjamin Abrams and Peter Gardner), pp. 215-233. University of Michigan Press. ISBN: 978-0-472-90331-3.

Sewell, William. 2001. “Space in Contentious Politics” in Silence and Voice in the Study of Contentious Politics, pp. 51-87. Cambridge University Press. ISBN: 0-521-80679-8.

Silva, Filipe Carreira da; Rogenhofer, Julius. 2022. “Populist things. A study on the materiality of political ideas” in Sociology Compass, vol.17, nr.3, pp. 1-13. DOI: https://doi.org/10.1111/soc4.13066.

Ssorin-Chaikov, Nikolai. 2017. Two Lenins: a brief anthropology of time. Hau Books. ISBN: 978-0-9973675-3-9.

Swartz. Marc J.; Turner, Victor W.; Tuden, Arthur. 1966. “Introduction” in Political Anthropology. ALDINE Publishing Company.

Troebst, Stefan. 2003. “«We are Transnistrians!»: Post-Soviet Identity. Management in the Dniester Valley” in Ab Imperio, nr.1, pp. 437-466. Ab Imperio. DOI: https://doi.org/10.1353/imp.2003.0056.

Trouillot, Michel-Rolph. 2001. “The Anthropology of the State in the Age of Globalization: Close Encounters of the Deceptive Kind” in Current Anthropology, vol.42, nr.1, pp.125-138. The University of Chicago Press on behalf of Wenner-Gren Foundation for Anthropological Research. Stable URL: https://www.jstor.org/stable/10.1086/318437.

Tumarkin, Nina. 1981. “Religion, Bolshevism, and the Origins of the Lenin Cult” in The Russian Review, vol.40, nr.1, pp.35-46. Wiley on behalf of The Editors and Board of Trustees of the Russian Review. Stable URL: https://www.jstor.org/stable/128733.

8

Wolf, Eric. 1982. Europe and the people without history. University of California Press. ISBN: 978-0-520-26818-0.

9

7. Fontes:

Fotografia principal, retirada de um blogue de arquitetura (Kathmandu & beyond), disponível em https://www.kathmanduandbeyond.com/parliament-lenin-tiraspol-transnistria-monument/ (consultado em 30.05.2025).

Fotografias do apêndice, retiradas do mesmo blogue, disponível em https://www.kathmanduandbeyond.com/lenin-statues-former-soviet-union/ (consultado em 31.05.2025)

10

  1. Priednestrovskaya Moldavskaya Respublika (ver apêndice para uma representação cartográfica).
  2. É reconhecida apenas por outros dois make-belive states: a Ossétia e a Abecásia (Humphrey & Forbes-Mewett, 2024: 2).
  3. Turkish Republic of Northern Cyprus.
  4. Definida, citando Tilly (Abrams & Gardner, 2023: 2), como “interactions or series of interactions ‘in which actors make claims bearing on someone else’s interests, in which governments appear either as targets, initiators of claims or third parties’”.
  5. Silva & Rogenhofer operacionalizam o conceito de ‘democratic resentment’ [“an affective patterning of collective action in democratic societies (…). It channels perceived violations of the democratic promise (…) into a critique of the present” (Silva & Carreira, 2022: 4) como o sentimento base do populismo. No caso da RMP, utiliza-se apenas ‘resentment’, por se tratar de um sentimento mais vasto e nacionalista, criado numa lógica conflitual, de violação da soberania pela Moldávia em particular e pelo Ocidente em geral (Cojocaru, 2006: 262-263; Chamberlain-Creangă, 2006: 373). In extremis, seria ‘transnistrian resentment’.
  6. Segundo Abrams & Gardner (2023: 6), “how they come to play a role in contentious politics (creation), how they operate when deployed (potency), and the invocations, reinventions, and memories they give rise to over time (legacy)”.
  7. Enfatiza-se ‘este’ Lenine, porquanto há mais estátuas do Lenine na Transnístria. Ver apêndice para mais alguns exemplos.
  8. Navaro-Yashin (2009: 15) define melancholic objects como “things which exude an affect of melancholy” e spatial melancholia – referida posteriormente – como “an environment or atmosphere which discharges such an affect”.
  9. Segundo Cienki & Mϋller (2008: 485), “Metaphoric gestures have typically been conceived of as movements of the hands that represent or indicate the source domain of a metaphor”.
  10. Verkhovny Soviet.
  11. Goodsell define a articulação como “the manifestation of values and ideas currently extant in political life at the time of the building’s construction, remodelling, refinishing, or rearrangement” (Goodsell, 1988: 288). Relativo a formação, afirma que “public architecture affects the political future” (Goodsell, 1988: 288).
  12. Para além desta, tem-se ainda: “(b) taken for granted but permitted to deteriorate, (c) removed, relocated or destroyed to indicate the end of Soviet occupation, and (c) captured and reworked for use in place promotion and capitalist marketing” (Adams & Lavrenova, 2022: 708). Para além da referida (a), nenhuma se aplica no caso da RMP.
  13. Ver nota de rodapé 8.
  14. ‘Make America Great Again’.
  15. A referência ao ‘puramente’ é essencial, porquanto Silva & Rogenhofer afirmam que a MAGA cap representa uma articulação entre o populismo e o nacionalismo (Silva & Rogenhofer, 2022: 10).